Design de embalagem vai além da forma e função de um produto. Tem também o poder de disseminar cultura.

Raul Carvalho

A embalagem, além de acondicionar um produto, de informar sobre suas qualidades, de conter informações legais e dicas de uso, também deve ser um meio de divulgar cultura. Todo design deve buscar o significado mais intrínseco do produto.

Nas últimas décadas, a tecnologia tem ficado cada vez mais acessível e, rapidamente, as empresas se igualam em capacidade técnica. Resultando em produtos muito similares. Se queremos atrair novos consumidores devemos ir além.

Com a massificação e a banalização dos meios de comunicação, existe hoje uma tendência, quase uma necessidade, de personalizar cada vez mais o nosso gosto, as nossas escolhas. As redes sociais são um exemplo disso: precisamos deste sentimento de pertencer, de se identificar.
Além de embalagens atraentes, que influenciem no momento da compra, estamos hoje mais focados em agregar personalidade ao produto e a marca à qual ele pertence.

Pensando nesse caminho, as empresas hoje buscam personalizar também seus produtos.
No design de embalagem está a oportunidade mais latente para expor essa personalização. É a embalagem que vai junto com o consumidor para sua casa. Ela tende a passar uma nova experiência, ao menos a instigar a imaginação de quem está consumindo aquele produto.

Com isso em mente, ao pensar em uma embalagem, vamos buscar histórias para contar. Histórias que resgatam as origens de cada produto. Com essas histórias, geralmente, trazemos um pouco da cultura de cada região, de cada segmento, de cada tribo.

Um produto hoje deve provocar o consumidor a conhecer melhor seu entorno. Temos uma forte demanda por produtos que ‘falem’ um pouco de nossa própria história, de nosso país, de cada região.

Exemplo: Mangas Agrodan.
Quando trabalhamos para as caixas de manga da região do rio São Francisco, descobrimos uma riqueza de estilos gráficos, de ícones e emoções, que existem no agreste pernambucano. Buscamos transmitir estes códigos nas caixas de Mangas Agrodan, que há mais de 10 anos são exportadas, levando um pouco deste clima para outros países.

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Exemplo: Especiais de Origem do Café do Centro.
No caso da linha Especiais de Origem, do Café do Centro, a ideia de trazer as texturas para as embalagens surgiu quando estava tomando um cafezinho numa cidade mineira. Olhei em volta e vi que os elementos de decoração do ambiente me agradavam porque traziam a cultura da região. E isso resultou nessas embalagens, que carregam com elas história e cultura, junto com o produto. Nelas falamos de seis texturas muito presentes em fazendas do interior do Brasil – a chita, o fuxico, a pátina, a palha, a laise da roupa da baiana e o mais usado em todo Brasil, o ladrilho hidráulico.
O design provoca a experiência, estimula o consumidor a se transportar para o ambiente das fazendas. Resgata memórias.

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A nova relevância dos produtos|
Os produtos precisam cada vez mais ter relevância e não ser apenas mais um na prateleira. Por conta disso o designer precisa, cada vez mais, ficar antenado com o seu entorno, com aspectos culturais que envolvem o cliente, o produto, seus consumidores.
Nosso papel agora, mais do que nunca, é bem mais do que um desenho bonito e bem planejado. Temos a missão de disseminar a cultura, as raízes de cada setor de produção, de cada estado, de cada país.

O Brasil tem uma diversidade de culturas e de estilos de vida, conjugados com diferenças climáticas muito grandes. Nossa cultura colorida e multipla só agrega no momento de compra na gôndola. Nos encanta! É uma fonte enorme para nos inspirar.

A ideia é sair da mesmice e ainda informar. Afinal nossa área é fundamentalmente de ‘comunicação’. Buscamos o encantamento e a informação.

E esse encantamento é o que nos move a continuar ainda hoje a buscar originalidade em cada projeto.

Fonte: http://www.embalagemetecnologia.com.br/artigos/2014/007_ed20_design_de_embalagem/index.htm

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